quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Amor sem crises


MAY
25

 

O amor é um sentimento unilateral. Apesar de promover a integração com a pessoa amada, ele se manifesta em quem o sente, desabrocha a afetividade, banhando o próprio ser.
A pessoa exterioriza esses conteúdos em forma de carinho, atenção e afeto para com aquele que ama; ela também se torna amável para com todos que a rodeiam.

No tocante ao amor propriamente dito, não se conta o quanto a pessoa é amada, mas sim, o quanto ela ama e o amor que ela sente.
Por outro lado, amar e ser amado é o desejo de todos os enamorados. A busca pelo sentimento correspondido visa a estabelecer o relacionamento.
Esse, por sua vez, é uma via de mão dupla. Cada um participa com os seus conteúdos, compartilhando as situações da convivência.
Um dos ingredientes do amor é o interesse; a pessoa quando ama se interessa pelo que diz respeito ao outro.

Isso favorece a integração das diferenças entre o casal. Não há necessidade da anulação de si, tampouco de sufocar a própria natureza para se relacionar.
Espontaneamente, surge uma atenção especial para com os costumes e com o jeito da pessoa amada.
Mesmo não comungando de certos hábitos, no mínimo se tem compreensão e respeito.

O afeto possibilita a interação harmoniosa entre o casal, supera as divergências e estimula a busca por ações conjuntas.
O amor minimiza as crises do relacionamento. No sentimento não existe crise; essa é derivada da relação com a pessoa querida.
Amar é abrir o ?coração? e deixar ser invadido por esse poderoso conteúdo da alma.

Relacionar-se é sair de seu mundo e mergulhar num universo desconhecido; abrir mão de alguns critérios e abandonar certos conceitos, em prol de um fim bom para o casal.
As crises no relacionamento sinalizam o fim do amor. Para reacender a chama do sentimento faz-se necessária a disposição de ambos para a conquista de uma relação saudável.

Vale lembrar que a integração com o outro é uma condição indispensável para ser feliz no amor.
O sentimento pode ressurgir se os dois estiverem dispostos a serem felizes afetivamente.

Um dos grandes agravantes da harmonia do relacionamento é a mente. O campo da racionalidade e os desconfortos da convivência reprimem o afeto.
No cotidiano, surgem as diferenças quanto à forma de pensar e agir, e como não são resolvidas com diálogo e atitude, que visam a estabelecer os acordos para o convívio saudável, tornam-se pontos de divergência, comprometendo o relacionamento.

Quando o fluxo do amor é reduzido, a mente começa a interferir na relação, transferindo para o outro as próprias expectativas, as carências e as frustrações.
Esses conteúdos são extremamente nocivos para o relacionamento. Vale lembrar que a pessoa amada não é depositária de suas angústias, medos e incertezas.

Ao contrário, a relação amorosa pode tornar-se uma fonte de transformação desses ingredientes que, nocivos à autoestima, acabam afetando o amor próprio.
Pode-se dizer que ter uma "boa cabeça" é indispensável para a felicidade amorosa.
Abandone os critérios e sinta o amor. Não olhe para o jeito do outro, deixe jorrar o sentimento de amor.
Cada um ama à sua maneira e é feliz por amar, não por ser amado.
*Por Valcapelli, para a coluna Lifestyle no Portal Onne

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O AMOR


"Existem quatro perguntas importantes na vida, Dom Otávio.

- O que é sagrado?
- Do que é feito o espírito?
- Pelo que vale a pena viver?
- E morrer?

A resposta para cada uma dessas perguntas é a mesma: o AMOR."


*diálogo do filme "Dom Juan de Marco"

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Epitáfio: viva enquanto estiver vivo!

Epitáfio
 Titãs
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr.
 




Óbvio que não há a necessidade de inserir a letra da música postada pelo youtube quando ela vem com legenda, mas neste caso, resolvi colocar como reforço pois a letra em si é um verdadeiro texto de reflexão sobre o tema: "viver a vida". Pra mim, é um outro meio de interpretar o ditado: mí no mé...afinal, se eu não ver o que está à minha frente, que mais posso enxergar? 
E depois que passou...passou...vira epitáfio. 


* Dicionário Michaelis: 
epitáfioe.pi.tá.fiosm (gr epitáphios1 Inscrição num túmulo. 2 Breve elogio a um morto.

Discurso do Grande Chefe Seattle: exemplo de profundo AMOR ao planeta Terra


"O que ocorre com a Terra recairá sobre os filhos da Terra.
Há uma ligação em tudo".
Grande Chefe Seattle


"O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.
Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.
Minha palavra são como as estrelas - elas não empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.
O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.
Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.
Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.
Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro.
O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.
O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.
Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios ) matamos apenas para o sustento de nossa vida.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.
Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.
Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteja-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."

 *NOTA:Os índios Duwamish habitavam a região onde hoje se encontra o Estado americano Washington - no extremo Noroeste dos Estados Unidos, divisa com o Canadá, sua cidade mais famosa é Seattle (nome dado em homenagem ao Chefe).
Os índios migraram para a Reserva Port Madison. O Chefe Seattle e sua filha estão enterrados lá.
Existem muitas controvérsias sobre o conteúdo original do discurso.
O primeiro registro escrito que se conhece, foi feito no Jornal Seattle Sunday Star em 1887 pelo Dr.Henry Smith, que estava presente no pronunciamento - ele publicou suas próprias anotações com comentários sobre o Grande Chefe.
Nos anos 70 (1970) foram divulgadas várias versões deste discurso em conexão com movimentos ecológicos e a favor da preservação da natureza; o discurso ficou muito conhecido, ficando de lado as discussões sobre sua originalidade.
A foto do Grande Chefe Seattle (1787-1866), acima, é de E.M.Sammis e o original encontra-se na: "University of Washington Special Collection #NA 1511".

Quando a gente ama, simplesmente ama


Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabour











Ver além daquilo que está diante de nossos olhos,,,

            O Semeador de Estrelas é uma estátua localizada em Kaunas, Lituânia.
Durante o dia passa despercebida.







Mas, quando a noite chega, a estátua justifica seu nome... 




Que possamos ver sempre além daquilo que está 
diante de nossos olhos, hoje e sempre.

*"As vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima."

Um belo coração

Para ter um belo coração é preciso entender o que é a verdadeira beleza e como ela é conquistada.






Um jovem estava no centro da cidade, proclamando ter o coração mais belo da região. Uma multidão o cercou e todos admiraram seu belo coração., Não havia qualquer marca ou defeito.Todos concordaram que aquele era o coração mais belo que já haviam visto.O jovem ficou muito orgulhoso por seu belo coração.
De repente um velho apareceu diante da multidão e disse:
"Porque o coração do jovem é mais belo que o meu?"
O jovem e a multidão olharam para o coração do velho, que ainda estava batendo forte, mas que estava velho, castigado e repleto de cicatrizes. Havia locais em que pedaços tinham sido removidos e outros tinham sido colocados no lugar, mas estes não encaixaram direito e formaram calombos e muitas irregularidades.Em alguns pontos do coração faltavam pedaços...
O jovem olhou para o coração do velho de disse:
"O senhor deve estar brincando!!!...compare nossos corações...o meu está perfeito, intacto!! O seu é uma mistura de cicatrizes, enxertos e buracos!"
"Veja, cada cicatriz representa o pedaço do meu coração que eu dei às muitas pessoas que entraram na minha vida até agora, à quem dei o meu amor. Muitas delas deram-me também um pedaço do próprio coração para que eu colocasse no lugar de onde tirei do meu; mas como os pedaços nunca são iguais formaram-se as ondulações.
Algumas vezes dei pedaços do meu coração a pessoas erradas; por isso há buracos! Eles doem...ficam abertos e sangram...lembrando-me do amor dado e pelo outro pisado e machucado.
Este é um coração em que as marcas deixadas contam toda uma história de vida de amor!
E então, jovem? Agora diga-me qual é a verdadeira beleza."
O jovem estava calado e lágrimas escorriam de seu rosto.
Ele aproximou-se do velho e tirou um pedaço de seu belo e perfeito coração e ofereceu ao velho, que retribuiu o gesto. O jovem olhou o seu coração, não mais perfeito como antes, mas mais belo que nunca. Os dois se abraçaram e saíram caminhando lado a lado.
(Texto de autor desconhecido)










Vale a pena amar

Vale a pena amar...
"Vivo caçando defeitos em mim, não me aceito como sou, não me valorizo,critico-me constantemente. É muita maldade contra mim mesmo. Quem é que precisa de um obsessor nestas alturas? É provável que até ele fique bem longe de nós para não sofrer influencia negativa da nossa parte.
É claro que ainda temos fraquezas, fragilidades emocionais, pontos fracos que precisam ser corrigidos, conflitos que demandam solução. Mas tudo isto só será diluído com Amor e não com martírios psicológicos. Não sinto que isso seja positivo, pois traz a idéia de julgamento.  Quando digo que alguém é imperfeito, que tem defeitos e vícios, estou fazendo um julgamento. O Amor de Deus se manifesta da maneira mais intensa possível: amor que pressupõe aceitação incondicional de quem somos.

É provável que você esteja me perguntando sobre as pessoas que cometem crimes hediondos, que deflagram guerras e semeiam a morte e a destruição. Elas tb são expressões divinas, respondo sem hesitar. Apenas estão momentaneamente esquecidas ou ainda inconscientes da Luz que trazem dentro de si, preferindo a ilusão do mal em detrimento da felicidade do Bem. É preciso se fazer a distinção entre o que somos e o que fazemos.. Nossa essência é Luz, mas nossos atos podem não estar refletindo esta luz.
Eu acredito que somos perfeitos dentro da nossa imperfeição. É um paradoxo. Mas ele tem que ser entendido, pois a transformação interior só acontece quando aceito quem eu sou neste exato momento. É o único ponto de partida possível. Sem essa aceitação incondicional, jamais conseguiremos viver relaxados, condição indispensável à felicidade, pois experimentamos um eterno conflito  entre o que somos e o que achamos que já deveríamos ser.
Mude o foco. Viva feliz hoje, pratique a aceitação incondicional, e assim você perderá o medo da carência, perderá o medo de ser criticado, abandonará o medo de se sentir inadequado, incompetente, largará o medo de não ser amado, eis o pior de todos os medos. Com aceitação plena, o amor toma conta de seu coração de tal forma que você se sentirá muito feliz, tratará muito bem a si mesmo e aos outros, terá responsabilidade sobre si próprio."


 José Carlos De Lucca in "Vale a pena amar".

A complicada arte de ver

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."




Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. 
 Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. 


Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta...Os poetas ensinam a ver".Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa _garrafa, prato, facão_ era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas _e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso _porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver_ eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...
Rubem Alves, 71, educador, escritor. Livros novos para crianças e adultos-crianças: "Os Três Reis" (Loyola) e "Caindo na Real: Cinderela e Chapeuzinho Vermelho para o Tempo Atual" (Papirus).

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Introdução

Este é um blog sobre sentimentos, reflexões, espiritualidade....fatos, músicas, autores que influenciam a minha visão de mundo.